sexta-feira, 2 de abril de 2010

Um dia para esquecer…



Deixei-me levar por momentos pelo som do clarinete que se esforçava por não desafinar. Suava em bica não que a pauta fosse de difícil execução mas pelo tempo e dos quilitos a mais.
Uma gota salgada bate na sobrancelha direita, deixando por momentos com a sensação de que iria deixar de ver o que seriam o meu fim como clarinete principal da banda com 100 anos de história.
Ela lá fez um desvio e passou ao lado do seu medo. A chuva começa a cair de mansinho e como diz o povo “chuva molha tolos” foi assim no restante do trajecto que durou mais de 45 minutos de um passeio ensopado.
Por fim no parapeito da igreja sacudia da minha cara as gotas que tanto me tinham enervado além de estar completamente encharcado, mas tudo pelo amor à arte de fazer parte da Filarmónica da terra onde por mero acaso a Mariazinha “a minha vizinha que há muito tento uma conversa” de olhar celestial e que me faz companhia lá mais á frente com a sua flauta transversal.
Eis que chega o mordomo da festa indicado que o repasto está pronto na tasquinha dos “Marialvas” a mesa havia um pouco de tudo o que faz bem ao meu colesterol, chouriço caseiro, presunto, bolinhos de bacalhau com um toque de salsa, pão caseiro, broa de milho (como esta amarelinha), sumos, água e vinho para os mais velhos.
O Ricardo aproxima-se (amigo da turma) trás consigo a Mariazinha e logo que avisto corei de tal forma que se podia ver que a febre estava a subir. Ele toca trompete e logo manda uns acordos para uma desgarrada que sempre acontecia quando estávamos em pausa da festa. Outros se aproximam, Felipe da pandeireta dando uns arrufes a condizer estava montada a festa novamente.
Eu com o olhar na Mariazinha deixava chorar o clarinete com uma mágoa tal que até ela ficou sentida com tal execução. Abraçou-se ao pescoço do Ricardo e deu-lhe um beijo… o clarinete até parou, disse que ia á casa de banho e afastei-me com essa agonia no coração.

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